"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

The Edge e o delay...uma relação monogâmica

Um estudo sobre os delays do ‘The Edge’ (U2)
by Tim Darling
O que é tão interessante sobre os delays do ‘The Edge’?
Muitos de nós que nunca tocamos numa banda cover do U2 ou que nunca gravamos uma cover do U2 em estúdio, já descobrimos que The Edge usa sua marca registrada, sua guitarra com delay, muito além dos limites. Como seu delay soa e como ele o usa são uma grande fonte para qualquer guitarrista sério. Se você está feliz apenas plugando sua guitarra num pedal digital delay e pisando nele no tempo da música (tap tempo) que está tocando, então você provavelmente não vai se importar em ler muito adiante. Fiz este estudo para aqueles que compreendem quanta diferença a atenção aos detalhes faz e para aqueles que nunca estão satisfeitos fazendo as coisas 95% certas.
A questão mais comum publicada em websites e chatrooms sobre o som do U2 é dedicada ao tópico “qual é a regulagem do delay do The Edge na música: Where the Streets Have No Name?". A resposta comum é “ajuste em colcheia pontuada, cerca de 340 a 350ms”. (A mesma resposta é dada a questões sobre qualquer de suas músicas, na verdade). Então estudei as gravações detalhadamente e calculei os ajustes exatos que ele usou para aquela música e outras e conclui que a verdadeira resposta é um pouco mais interessante.
Esta é a boa noticia: talvez a razão porque The Edge soa um pouco melhor que você quando ele toca ‘Streets’ é por causa de seus ‘segredos’ que são revelados aqui. Com sorte, irão ajudá-lo a pensar um pouco diferente sobre como você usa delay em suas músicas.
The Edge usa geralmente 2 tipos diferentes de delay em cada música: curto (tipo reverb) e longo.
Cadeia de sinal usual do The Edge:
Guitarra --> [alguns efeitos] --> delay(s) curto(s) --> [outros efeitos] --> divisão do sinal para A/B:
(A) --> delay longo nº1 --> amp nº1 (normalmente um Vox AC30 anos 60)
(A / B são algumas vezes alternados em esquerda/direita)
(B) --> delay longo nº2 --> amp nº2 (normalmente um Vox AC30 anos 60)
Note que The Edge também parece usar uma boa compressão em sua guitarra. Esta é a chave para fazer o delay soar corretamente. Não discutirei isso muito mais aqui, mas provavelmente é usado na maioria das gravações.
Além disso, pelos propósitos destas páginas, não estou realmente focado em sua cadeia de sinal. Apresentei a ‘evidência’ para os tipos de delays que ele usa – onde, quando, e o quanto para cada música. A partir disso, reconstruí o que eu penso que poderia ser o mais próximo da sua cadeia de sinal. Também, na maior parte, apenas estudei as gravações de estúdio. Para qualquer outra situação ao vivo, ele deve mudar seu setup.
O delay curto / Reverb (5 a 20ms, 3 a 4 repetições) não é audível aos ouvidos como um delay. The Edge o usa para engordar e amaciar seu timbre.
Em todos os casos, o delay curto está antes dos longos na cadeia de sinal. (Já que ele normalmente usa 2 delays longos ao mesmo tempo numa música, então se isso não fosse verdadeiro e o delay curto fosse colocado depois de cada um dos delays longos, seu ataque inicial soaria embolado, pois haveria mais de uma unidade de delay curto agindo sobre o ataque, um de cada cadeia de sinal dos delays longos).
Para os delays curtos, as regulagens raramente necessitam ser modificadas e aparentemente ele os deixa acionados todo o tempo.
Ocasionalmente, The Edge conecta 2 desses delays curtos juntos – veja ‘Wire’ ou ‘Bullet the Blue Sky’. Também, ocasionalmente, The Edge não usa isso (ao menos como um efeito perceptivel) – veja ‘All I Want IsYou’.
Discutivelmente, os ‘delays curtos’ poderiam ser Reverb adicionado na pós-produção na trilha máster. Entretanto, veja o quanto similar os delays curtos em ‘Wire’ (onde fica óbvio que os tempos dos delays foram especificamente ajustados) são à outras músicas (digamos ‘Streets’ ao vivo) em gráficos em forma de onda que coloquei para as músicas. Se foram adicionados na maioria das músicas na pós-produção, contudo, eu não sei.
Os Delays Longos (150ms a 550ms, quase sempre ajustados no tempo da música) compõem grande parte do som do The Edge. Ele usa delays modulados que adicionam um efeito de chorus/vibrato às repetições do delay. Em muitas músicas, ele usa 2 delays longos em paralelo ajustados em tempos diferentes e os envia a amplificadores diferentes, como no diagrama acima. Ocasionalmente (como em ‘Streets’), ele conecta os 2 delays juntos de modo que o último delay é alimentado pela repetição (saída com efeito somente) do primeiro delay.
Seus Korg SDD-3000s são mais usados para delays longos. Pense que o SDD-3000 é um delay digital (ele permite que você regule exatamente o comprimento do delay que é crucial), a seção de modulação dele adiciona um ‘calor’ legal. Ele normalmente divide seu sinal no final de suas outras cadeias de sinal e manda aos 2 SDD-3000s. Estes vão diretamente para seus amps (normalmente VOX AC30s). Uma razão para ele fazer isso é para fazer uso das saídas de +10dB dos SDD-3000s.

Um comentário: