"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Madeira!


Quando voce procura por uma guitarra, o material do corpo pode dizer muito sobre o timbre do instrumento. Claro que o braço e a escala contribuem, e podemos falar disso num tópico separado depois, mas é o corpo que representa a massa do instrumento, traduzindo vibrações causadas pelas suas mãos nas cordas numa ampla gama de frequências e harmônicos. Já que é a escolha da madeira que irá te direcionar em muias direções, vamos focar em 4 dos mais comuns tipos de madeira no mundo da guitarra.

Basswood:

Basswood é uma madeira leve, de gramatura densa, muito usada em guitarras de nível médio. Esta madeira relativamente barata está prontamente disponivel e pode ser uma boa alternativa a madeiras tradicionais como Alder por causa de suas propriedades tonais similares. O Basswood é uma madeira muito macia e esta característica tem um efeito no timbre e durabilidade. Menor ressonancia de uma madeira macia significa amortecimento de frequências mais agudas, proporcionando um som quente, focado em médios, que muitas pessoas acham ideal pro tipo de guitarra "fritadora". A natureza leve do Basswoo também é ideal se voce planeja usar ferragem pesada como os sistemas de alavanca com trava. Uma madeira macia como o Basswood pode dar problemas tais como riscos e arranhões (causados por palhetas, por exemplo). Isto quer dizer que voce vai preferir ver guitarras de Basswood com acabamento pintado e envernizado do que ao natural já que a madeira tem pouquíssimo desenho.

Há muito debate circulando em foruns de guitarra sobre o Basswood ser bom ou não, mas a maioria termina no fato de que isso depende das suas mãos e ouvidos...e do seu bolso também! As mãos de quem fez a guitarra talvez seja o fator definitivo. Um exemplo básico é de quando o famoso luthier Bob Benedetto usou pinho de baixa qualidade pra produzir uma archtop de timbre estelar. Apesar dos nós e manchas desta madeira de construção, a guitarra "Knoty Pine" definitivamente toca e soa tão boa quanto suas outras obras-primas. Então, se voce estiver fazendo um orçamento, escolha a empresa com os mais elevados padrões.

Knotty Pine

Alder:

Alder tem sido a escolha popular da Fender desde final dos anos '50 e início dos '60. Se voce está a procura duma Stratocaster, provavelmente será uma Standard ou uma Clapton signature. Mesmo considerando uma madeira macia, o alder é favorável por causa de seu peso leve para médio e rico equilíbrio de timbre. Não é tão brilhante quanto o Ash mas ainda mais complexa em todas as frequências quando comparada ao Basswood. Poros apertados e gramatura sinuosa aparecem muito bem em todos os acabamentos do 'thin-skin nitro sunburst' aos de cores sólidas. Corpo cheio e claridade detalhada são os termos usados pra descrever o Alder o que o faz uma escolha lógica pra contrabaixos também. Enfim, esta madeira tem tudo em termos de ressonancia, estabilidade e versatilidade.

Swamp Ash:

Ash que é referido como "Swamp Ash" é uma madeira muito leve e porosa que vem dos pântanos do sul dos EUA. O que vem duma árvore que cresce parcialmente imersa em água é uma intrigante fórmula de linhas duras e macias no tronco da árvore. O timbre resultante do Ash é o que as pessoas normalmente chamam de "bell-like" (como sino) por causa de seu detalhado 'high end' e excelente gama dinâmica. Todos sabemos que a Fender usou o Ash nos anos '50 pra produzir algumas das maiores Telecasters da história. A natureza ultra leve desta madeira impressionante ajuda a guitarra a cantar e vibrar como nenhuma outra. Em geral, o Swamp Ash conserva um caráter muito dinâmico com graves fortes e ótimo equilíbrio entre calor e mordida.

O Ash do norte é uma espécie de madeira mais densa e mais pesada que tem mais sustain e um timbre ainda mais brilhante. Entretanto, sua massa a faz mais temperamental do que a variedade 'swamp'mais leve. Posso dizer que todo corpo varia bem como as árvores variam na natureza. Além disso, uma ampla variedade de espécies desta madeira existe pelo mundo. Voce pode encontrar um corpo duro em Ash ou um pedaço ruim de Alder. Por isso é uma boa ideia por suas mãos na guitarra e plugá-la antes de comprar.

Swamp Ash

Mogno:

Mogno é uma madeira mais pesada quando comparada ao Alder e ao Ash. Embora tenha gramatura aberta como o Ash, é mais densa o que resulta num forte 'low end' (graves), médios súbitos e agudos suaves no geral. Isto produz um ataque dinâmico e gordo, apesar de mais escuro, e a massa da madeira proporciona um sustain extra longo. Basta pensar no timbre duma Les Paul desplugada, que tem uma ressonancia mais gorda e profunda comparada ao 'midrange' espancado duma Strato. Se não fosse pelo top de Maple, uma Les Paul poderia ter um timbre ainda mais macio. Sim, ela tem um visual fantástico com os 'flames' mas a razão da Gibson usar o top de Maple é transmitir granulação extra e articulação graças a sua composição mais dura. É por isso que as SG, de Mogno por inteiro, não tem o mesmo conteúdo de agudos mas sim uma mordida 'midrange' distinta que vem do seu formato único e corpo mais fino.

O Mogno é outra madeira que tem muitas espécies diferentes, de Honduras (conhecida como Mogno genuino) ao africano, da variedade filipina de baixa graduação que na verdade não é Mogno de nenhuma espécie. A filipina ou Luan não tem as mesmas qualidades tonais já que é mais macia e mais leve. Dê uma olhada num kit de bateria de orçamento médio e voce verá o compensado feito deste "mogno". Então, se a informação estiver disponível, certifique-se de verificar que tipo de mogno a marca oferece antes de gastar seu dinheiro numa próxima guitarra.

Mahogany

Existem dúzias de outras madeiras usadas em corpos de guitarra, incluindo Koa, Walnut e Rosewood (Jacarandá) mas com certeza estas 4 são as mais comuns. Eu sei que é um pouco dificil considerar captadores, ferragem, tipo de madeira e estilo de corpo que melhor servem a voce. Comece com o teste mais facil, o peso. Muitos gostam do som duma guitarra de Mogno mas não suportam o monstro de 4Kg sobre os ombros toda noite! Muitos concordam que é a construção sobre a madeira que importa. O conselho é sempre escolher a guitarra que soa e parece mais certa para voce acima de qualquer coisa.

Fonte: PGS

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ativo ou Passivo??


A maioria dos guitarristas está familiarizado com captadores passivos, o design original de captadores que envolve milhares de voltas de um fio fino e produz timbres do jazz ao rock. Entretanto, há uma vasta tecnologia por aí que guitarristas amam ou odeiam, por alguma razão. Estamos falando dos captadores ativos, naquelas "guitarras que precisam duma bateria 9 volts". Ao contrário da crença popular, captadores ativos não foram desenhados primeiramente pra guitarra de metaleiro! Há uma série de vantagens nos captadores ativos tanto no som quanto na performance que vaqlem a pena serem conferidas.

Vantagens:

A saída inicial do captador passivo é baixa, porém uma vez que captadores ativos dependem de uma espécie de pré-amplificador para aumentar o sinal, algumas vantagens se destacam. Campos magnéticos envolvendo um captador passivo tradicional são bem altos, resultando em atração da corda que pode afetar negativamente o sustain e timbre. Já que captadores ativos sào desenhados com ímãs mais fracos, eles terão mais sustain por deixar a corda vibrar livremente. Sons estranhos causados por deixar seus captadores altos demais também desaparecerão.

Já percebeu como seus humbuckers mudam o timbre quando voce simplesmente fecha o potenciômetro de volume? Captadores ativos são virtualmente imunes a este problema como dito no site da EMG: " Diferente dum sistema volume/tone tradicional, o sistema EMG de baixa impedância permite abaixar o volume com pouquíssimo efeito no timbre, então voce não soará abafado quando fechar o potenciômetro." O segredo disto é a baixa impedância. A maioria dos benefícios dos captadores ativos está relacionada com os benefícios da baixa impedância contra o sinal de saída de alta impedância da guitarra. Voce já deve saber que uma guitarra ao estilo Les Paul tem potenciômetros de até 500k e uma ao estilo Strato com single coils terá os de 250k para volume e tone. Mas com captadores ativos, voce terá valores de até 25k, nos EMG e nos eymour Duncan Blackouts, por exemplo. Uma razão pra estes valores baixos é evitar que estes captadores com pouco enrolamento soem tão agudos e manter uma impedância/resistência baixa.

Como observação, voce pode remediar o problema de fechar o volume em captadores passivos usando a modificação de agudos. É só soldar um capacitor no seu potenciômetro de volume (normalmente um de .001) e reter mais agudos quando voce abaixar o volume. Mas há outros benefícios aos captadores de baixa impedância do que apenas abaixar volume com transparência. pense em todos os benefícios de um bom 'buffer' e voce terá a resposta. Cabos mais longos poderão ser usados sem perda das frequências altas, especialmente útil no palco ou num pedalboard complicado. Além disso, captadores ativos são convertidos num sinal balanceado, o que leva sua guitarra ou contrabaixo ao mesmo ambiente do equipamento de áudio profissional. Menos ruido e baixa interferência de rádio fazem dos captadores de baixa impedância ideais para gravação e setups sem fio.

Já perceberam como os baixistas abraçaram mais os captadores ativos do que os guitarristas? Pode ser o fator do baixo ruido mas o mais importante vem do sinal limpo, 'flat' que eles oferecem. lembre-se do fato que os ativos não tem o mesmo número de voltas no enrolamento da bobina como os passivos tem. Conforme voce acrescenta voltas ao enrolamento, a saída fica mais forte mas o timbre mais escuro. O sinal excitado produz uma vasta gama de frequências graves, médias e agudas que são amplificadas e enviadas livres de distorção, o sonho dos baixistas! O sustain aumentado e estalado dos captadores ativos bem como o aumento de 'headroom' é ideal pros felizes tocadores de 'slap'. Entretanto, essa resposta de frequência mais ampla propicia a situação ideal pros guitarristas de metal. Se voce quer carregar na distorção, então voce vai querer duas coisas fundamentais: um sinal de baixo ruido e um timbre cristalino. desta forma afinações mais baixas e fritações de alta velocidade permanecerão articuladas com um ataque afiado.

Diferença na construção:

O clássico EMG 81 usa um ímã cerâmico pra dar o seu 'punch' afiado independente do quão sujo é o sinal. Entretanto, designs como o do EMG 85 usam o ímã Alnico V pelas mesmas razões dos captadores 'vintage', um timbre mais quente. Além destes, os Duncan Livewires tentam chegar perto dos timbres que amamos como o '59 e o JB usando a mesma frequência resonante. Em teoria, isso te dá todos os benefícios dos dois mundos.

Ativos também podem vir em diferentes formas. Veja por exemplo o circuito de 'midboost' ativo usado pro timbre de Clapton (woman tone). Instalando este simples preamp de bateria numa Strato permite um 'boost' de médios e ganho praquele timbre gordo como dum humbucker com a pancada intacta do single coil. Ele aparentemente converte a impedância alta em baixa, evidente por trocar o potenciômetro de volume de 250k pra 50k. Isto parece um compromisso legal entre vintage e moderno, especialmente se voce quer preservar aqueles timbres clásicos.

Captadores ativos também tem suas regalias como os passivos. A questão é qual deles soa bem pra voce.

Fonte: PGS